terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Guia de Sobrevivência

Embora ninguém seja completamente imune às maquinações dos psicopatas, aqui vão algumas dicas para lhe ajudar a escapar antes de cair na armadilha de um deles.

  1. Saiba com quem você está lidando – Isso parece uma tarefa fácil, mas pode ser de fato bastante difícil. Todo o conhecimento adquirido por meio de leituras não o tornará necessariamente imune aos efeitos devastadores da ação de um psicopata. Qualquer um, incluindo especialistas em psicopatia, pode ser ludibriado por um deles. “A bajulação excessiva, o agradar afetado e pouco realista é uma das táticas dos psicopatas para nos cegar, seduzir e encobrir suas verdadeiras intenções: manipulação e controle”, afirma a psiquiatra Ana Beatriz. Portanto, olhos bem abertos!
  2. Não se deixe influenciar facilmente – Não é fácil ficar imune ao sorriso encantador, à linguagem corporal cativante e ao modo rápido de falar típico do psicopata. Ele se utiliza dessas técnicas para cegar suas potenciais vítimas, ocultando suas reais intenções, que são a autogratificação e o exercício do poder. Esteja atento.
  3. Fique atento quando conhecer alguém – Não seja ingênuo. Quando conhecer uma nova pessoa, seja um colega de trabalho, um amigo ou um namorado, procure pelos sinais de alerta. Não compartilhe coisas importantes de sua vida nos primeiros encontros. Sociopatas, bem mais do que qualquer outra pessoa, sabem como camuflar perfeitamente o seu lado negro, para darem uma boa primeira impressão. Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles sempre deixam escapar alguma coisa. Se você estiver atento, poderá pegar o fio do novelo e descobrir muita coisa escondida...
  4. Tenha especial cuidado em determinadas situações – Algumas situações são especialmente chamativas à ação de psicopatas: bares, cruzeiros, aeroportos internacionais. Em todos esses casos, a vítima em potencial está só e em busca de passa-tempo ou de divertir-se em boa companhia. É precisamente aí que surge o predador.
  5. Conheça-se a si mesmo – Psicopatas são incrivelmente habilidosos em explorar os pontos fracos das pessoas. Como já dissemos, eles são especialistas em detectá-los. Sua melhor defesa é conhecer suas próprias vulnerabilidades e ficar antenado a qualquer um que se fixe nelas.

Infelizmente, por mais precauções que tomemos, nada pode garantir que não seremos pegos desprevenidos. Se você foi ou está sendo vítima de um sociopata, procure reduzir ao máximo os efeitos nocivos de suas ações. Sabemos que não é fácil, mas estas sugestões poderão ser úteis:

  1. Procure a ajuda de um profissional – Médicos e psicólogos com experiência em sociopatia estão aptos para oferecer o suporte de que você necessita. Portanto, não hesite em procurá-los.
  2. Não se culpe e não deixe que ele lhe culpe – Quaisquer que sejam as razões por você ter se envolvido com um sociopata, é de fundamental importância que você não se culpe pelas atitudes e comportamento dele. Ele tentará convencê-lo de todas as formas que você é o culpado por ele estar agindo como age. Ele tem uma habilidade incrível de inverter os papéis, transformando você no algoz e se transformando, ele mesmo, na vítima. Nunca aceite o seu jogo. Não acredite também quando ele disser que age da mesma forma com todas as pessoas e que somente você é sensível. Tenha convicção plena de que a vítima é você e não ele.
  3. Saiba que você não está sozinho – Na maioria das vezes, os ataques de um sociopata não se restringem a uma única pessoa. Sendo assim, é bastante provável que outros também estejam sendo, de uma forma ou de outra, vítimas da mesma pessoa que lhe agride, e é bem provável que você fique sabendo de alguma história semelhante à sua. Se este for o seu caso, tente uma aproximação com seus companheiros de sofrimento. O apoio que eles lhe darão é de valor inestimável para que você consiga se libertar, primeiro emocional e depois totalmente, do seu algoz. Mas tenha em mente que, assim como você, todas as vítimas simpatizam pouco com a idéia de falar sobre o assunto, por temerem retaliações. Lembre-se também de que o agressor está atento aos seus passos, e tentará o quanto puder mantê-lo afastado das pessoas que podem de alguma maneira ajudá-lo a sair da situação em que você está, seja por vindicar onisciência quanto a tudo o que você conversa e faz, seja por caluniá-lo, ou então por ameaçá-lo abertamente, obrigando-o a se manter longe dos outros.
  4. Não se esqueça: psicopatas têm uma forte necessidade de exercer controle físico e mental sobre as outras pessoas. Lutar contra eles não será fácil e poderá lhe custar muito desgaste e sofrimento, emocional e/ou mesmo físico.
  5. Estabeleça as regras do jogo – Como dissemos, a disputa de poder com um psicopata é tarefa árdua, podendo inclusive se tornar arriscada. Contudo, você deve estabelecer limites fixos para ele. Não permita que ele perpetue as agressões e não caia no jogo que ele fará para despistá-lo de seu objetivo.
  6. Não espere mudanças dramáticas – É bastante improvável que qualquer coisa que você venha a fazer produza alguma mudança real e duradoura no modo como o seu agressor encara a vida e trata os outros. Não assuma para você a tarefa de transformá-lo numa pessoa de bem.
  7. Não caia no jogo do coitadinho – Uma das maneiras que o sociopata utilizará para se manter no poder é apelando para a sua compaixão. Quando perceber que você está ameaçando escapar, ele poderá apelar para a sua compaixão, teatralizando arrependimento, alegando carência afetiva, problemas financeiros ou alguma doença. A psiquiatra Ana Beatriz afirma: “A piedade, a compaixão e a solidariedade são forças para o bem quando direcionadas às pessoas que de fato merecem e precisam de tais sentimentos. No entanto, quando esses mesmos sentimentos são direcionados a pessoas que apresentam comportamentos inescrupulosos de forma consistente e repetitiva, temos que considerar isso como um aviso de que algo está muito errado. É um sinal de alarme que não podemos ignorar.”
  8. Pule fora o quanto antes – A imensa maioria das vítimas dos psicopatas termina por se sentir confusa e sem esperança. Ficam convencidas de que são as culpadas pelo insucesso do relacionamento. E no afã de corrigir o problema, continuam cedendo mais e mais, alimentando uma esperança vã. O melhor a fazer é simplesmente aceitar o fato de que você foi enganado e saber que, quanto mais ceder, mais o psicopata vai levar vantagem às suas custas. Ele tem uma sede insaciável por controle e poder. Pule fora. A sociopatia é uma doença difícil de ser detectada, já que o sociopata se esconde por trás de suas máscaras o tempo inteiro. Por esse motivo, mesmo após anos de convivência, pouquíssimas pessoas são capazes de compreender o “lado negro” dessas criaturas, ainda que tenha relances dos seus maus comportamentos. Sendo assim, afaste-se do seu agressor o quanto antes, ainda que todos à sua volta não compreendam sua atitude e lhe julguem mal. A única maneira de vencê-lo é se afastando dele. Portanto, force-se a cumprir esta regra: contato zero.
  9. Associe-se a grupos de apoio – Procure ajuda de pessoas que estão sofrendo com o mesmo problema. A internet está repleta de fóruns de discussão sobre o tema, embora a maioria deles em inglês. Uma busca rápida no Google será de grande valia.
  10. Cuidado com as recaídas – Mesmo após meses ou anos, o sociopata poderá querer lhe laçar de novo. Ele virá com os mesmos recursos de sempre, talvez dizendo que mudou, que agora é uma outra pessoa. Cuidado! Lembre-se disto:
    psicopatas nunca mudam!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Indivíduos "Seminormais": O Psicopata Não Grave

A grande maioria dos psicopatas não preenche todos os critérios da escala Hare. Eles são o que o Dr. Martin Kanton, em seu livro The Psychopathy of Everyday Life – How Antisocial Personality Disorder Affects all of Us, chama de “seminormais”. Hare os denomina “Psicopatas de Sucesso”, pois conseguem se manter longe dos presídios e de terem problemas com a justiça. Algumas características desses indivíduos:
  1. Retêm alguma capacidade de sentir amor e empatia, bem como de demonstrar sentimentos nobres, como a piedade e o altruísmo – Isso faz que maneirem as atitudes quando vão praticar algum ato ilícito contra alguém. Todavia, Dr. Martin Kanton acredita que, ainda quando demonstra sentir empatia, o sociopata visa a algum tipo de benefício próprio; por exemplo, ele pode ser empático, ao mesmo tempo em que analisa se consegue manipular determinada pessoa sem grandes dificuldades, ie, se ela se trata de uma peça fácil de manobrar, dentro do seu jogo de poder.
  2. Retêm alguma capacidade de sentir culpa – Podem inclusive se desculpar pelos erros cometidos; isso, contudo, não fará diferença prática para evitar futuras agressões;
  3. Tendem a exibir menos que 3 dos critérios do DSM-IV;
  4. Consciente ou inconscientemente, tendem a exibir as características menos graves e menos perigosas da personalidade psicopática;
  5. “Psicopatas de sucesso” tendem a não se comportar durante todo o tempo e em todas as situações como psicopatas que são; em outras palavras, mais ainda que os psicopatas graves, esses indivíduos são idênticos às pessoas normais, ficando completamente camuflados na sociedade. Schneider afirma: “A conduta do psicopata nem sempre é toda psicopática, existindo momentos, fases e circunstâncias de condutas adaptadas, as quais permitem que ele passe despercebido em muitas áreas do desempenho social. Essa dissimulação garante sua sobrevivência social.”
  6. Algumas vezes fazem uma mudança positiva quando são pegos em algum ato irregular ou quando seus planos falham. Conquanto raramente admitam que são maus indivíduos, que cometeram um dado erro ou que necessitam do perdão de alguém, em algumas situações (e sem pensar duas vezes) eles simplesmente podem mudar de comportamento, surpreendendo a todos. Por exemplo, um criminoso pego em flagrante pode decidir abandonar o crime e começar a escrever um livro sobre suas experiências.

Em grande parte, sociopatas não graves obtêm sucesso (isto é, conseguem levar a vida como alguém normal) devido à sua surpreendente habilidade de camuflar suas tendências negativas – seus instintos hostis, por exemplo – numa fachada criativa-interpessoal-social positiva; entretanto, mesmo esta aparência lapidada retém algumas características do original psicopático.

Por exemplo, Robert Simon descreve os “sociopatas de sucesso” como indivíduos que tendem a levar uma vida de parasitismo e exploração dos outros, embora não se envolvam em delitos de maior monta. Estes últimos normalmente ficam por conta dos psicopatas mais agressivos.

“Indivíduos seminormais” raramente entram em frias tanto quanto esperaríamos para o comportamento deles. Quando estão em apuros, frequentemente se utilizam de suas táticas de manipulação e conseguem se safar. Eles são particularmente hábeis em fazer com que os outros simpatizem com eles e os tratem de maneira gentil e não punitiva.

Os que ainda conseguem manter-se no trabalho (lembre-se que sociopatas, por sua tendência à monotonia, geralmente não conseguem se fixar em nenhum emprego) vão utilizá-lo como uma ferramenta para satisfazer seus instintos sórdidos. A Dra. Ana Beatriz nos conta: “A grande maioria dos psicopatas utiliza suas atividades profissionais para conquistar poder e controle sobre as pessoas. Essas ocupações podem auxiliá-los ainda na camuflagem social daqueles que não levam uma vida francamente marginal (delinqüentes mais perigosos).”

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ausência de Objetivos de Longo Prazo

Esta característica é particularmente observável nos psicopatas mais graves. Psicopatas leves e moderados, denominados por Hare como “Sociopatas de Sucesso”, planejam, executam e atingem, sim, planos. São eles que galgam posições de destaque na sociedade e, por meio delas, promovem a discórdia e a destruição por onde passam.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Mau Comportamento Relacionado ao Consumo de Álcool e Outras Substâncias

Psicopatas podem ter problemas com o abuso de álcool; contudo, nem todos seguem essa regra. Em breve, mais informações sobre este tópico.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Falsidade e Insinceridade

O psicopata demonstra uma marcante desconsideração pela verdade e não deve ser levado em consideração quando faz relatos sobre o passado, promessas sobre o futuro ou fala de suas intenções presentes. Ele faz promessas solenes e se esquiva de acusações, sejam elas graves ou banais, com a maior facilidade. Em seus mais solenes perjúrios, não tem a mínima dificuldade em olhar tranquilamente nos olhos das outras pessoas: transparência e confiabilidade parecem fazer parte deles. Por outro lado, em algumas situações, o psciopata reconhece os seus próprios erros (especialmente quando está para ser descoberto) e aparenta encarar as conseqüências deles com singular honestidade e coragem. É realmente difícil expressar quão completamente honesto e normal um psicopata pode parecer ser. Psicopatas conseguem ludibriar não somente aqueles que não estão familiarizados esse perfil de comportamento, mas frequentemente também os que já conhecem bem sua capacidade de aparentar honestidade. Depois de serem pegos em graves e embaraçosas falsidades, depois de violarem repetidamente seus mais solenes juramentos, o psicopata facilmente fala da honradez de suas palavras e de seu caráter, demonstrando surpresa e vexame quando se diz o contrário sobre eles.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Egocentrismo e Egoísmo

Sociopatas, como bons narcisistas, são egoístas. Agem como se fossem o centro do universo; acreditam que todas as outras pessoas devem girar em torno deles. Psicopatas pensam serem os indivíduos que falam melhor, que se vestem melhor e que têm melhor capacidade de organização e de enfrentamento dos problemas da vida. Fazem as suas próprias leis, por não compreenderem o significado do bem comum. Alguns são incapazes de se integrar a qualquer grupo, por não aceitarem as regras sociais que todos têm por certas. Só o que eles querem é o que interessa. Na realidade, só levam em consideração as regras sociais para utilizá-las a seu favor. Por causa disso, muitos colecionam ex-amigos. No início, até conseguem fazer amizades com facilidade; entretanto, diante dos primeiros conflitos, seu verdadeiro caráter aparece sem deixar dúvidas. Dessa maneira, em pouco tempo terminam por ser rejeitados por amigos individuais ou por grupos inteiros. Por causa disso, os sociopatas tendem a ser solitários, alguns migrando de grupo em grupo, ou evitando o encontro de amigos de diferentes grupos, por temerem que suas falhas de conduta sejam mencionadas. Mesmo no ambiente familiar, o psicopata tem dificuldade de adaptação. Sociopatas sempre obtêm dos outros muito mais do que dão. Não economizam, contudo, nas promessas altruísticas. Mesmo suas ações aparentemente altruístas mostram-se muitas vezes autocentradas e com fins à autogratificação. Como sua motivação gira sempre em torno do poder e do status destacado na hierarquia social ou no seu grupo particular, os psicopatas demonstram particular inveja de potenciais concorrentes. Empenham-se em depreciar e humilhar qualquer um que tenha ou que seja mais que eles hierárquica, intelectual, social ou financeiramente. Fazem isso se valendo de tanto de sua lábia quanto de falsas provas que eles mesmos criam para atingir seus objetivos. Tanto agridem a vítima propriamente dita quanto falam mal dela em sua ausência para as pessoas de seu convívio, com vistas a levar todos a pensarem mal dela e acabarem se afastando. Fica claro então que eles se sentem mais confortáveis quando ficam junto apenas de pessoas que estão de alguma maneira abaixo deles em qualquer escala que eles julgam importante para a afirmação de sua própria personalidade narcisista. Só assim se sentem livres brilhar sem nenhum concorrente por perto. Por serem indivíduos extremamente competitivos, os sociopatas transformam interações normais da vida, como diálogos sobre assuntos sem grande importância, em disputas de morte, sempre desejando impor sua opinião como a única correta, e dificilmente dando o braço a torcer, mesmo em face de todas as provas que eventualmente venham a receber em contrário. Torna-se até desnecessário repetir que esta é mais uma maneira que eles encontram para se autoafirmarem como líderes de seus grupos, egocêntricos que são.

domingo, 30 de novembro de 2008

Parasitismo Social

Quando adquirem a confiança de alguém, aproveitam-se enquanto podem, descartando-o depois. É comum que peçam dinheiro emprestado e não paguem. Seu parasitismo é tamanho que chegam a obter vantagens das mesmas pessoas a quem continuamente agridem. Executando o jogo da manipulação dos sentimentos (apelando para a culpa e a piedade da vítima) alternadamente com as agressões físicas, verbais ou psicológicas, o sociopata consegue mantê-la presa a si, enquanto espolia tudo quanto puder.

domingo, 23 de novembro de 2008

Ausência de Delírios ["insanité sans delire"]

Esses indivíduos não têm sinais de qualquer outra doença mental, tal como neuroses, alucinações, delírios, irritações ou psicoses. Podem ter um comportamento tranquilo no relacionamento social normal. Não ficam nervosos facilmente e até se gabam disto diante de suas vítimas (afirmando que eles são os normais, enquanto elas são as desequilibradas, por perderem a compostura quando estão diante deles). Diferentemente das pessoas com transtornos psicóticos, em que frequentemente há perda de contato com a realidade em face das alucinações que tais pacientes têm, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles têm plena consciência de que suas atitudes são condenáveis pela socidade, mas são totalmente indiferentes a isso. Indivíduos psicóticos raramente são psicopatas.

sábado, 15 de novembro de 2008

Incapacidade de se Responsabilizar por Suas Próprias Ações

Sociopatas têm enorme dificuldade de assumir a responsabilidade por seus atos. Falta neles, em maior ou menor grau, o senso de responsabilidade para a realização de tarefas. Pelo contrário, eles rejeitam responsabilidades e criam desculpas muito bem elaboradas com vistas a manipular as pessoas e levá-las eventualmente a sentir pena deles. E muito além de meros discursos evasivos, eles são extremamente hábeis em despistar as pessoas, fazendo de tudo para impedi-las de identificar e por conseguinte denunciar suas falhas de comportamento. Agem sempre de maneira sofisticada, sutil e esperta, dando sempre o pulo do gato, sempre pegando a todos de surpresa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Irresponsabilidade e Não Confiabilidade

Embora o psicopata passe a impressão inicial de ser uma pessoa inteiramente confiável, em pouco tempo demonstrará sua ausência de senso de responsabilidade. Não importa quão urgente ou importante seja o compromisso ou as circunstâncias, ele pode cancelá-los no último minuto ou simplesmente não comparecer. E para ele não faz diferença ser chamado atenção ou não por seu mau comportamento: sua atitude permanecerá a mesma. Faz parte do seu histórico desempenho errático com faltas frequentes no trabalho e a permanência em empregos apenas por curtos períodos de tempo; atividades acadêmicas também podem ser negligenciadas, fato especialmente causador de problemas quando a irresponsabilidade do sociopata prejudica o desempenho dos colegas. Socipatas fazem facilmente promessas àqueles que vivem ao seu redor. Vivem por prometer que serão melhores pessoas, que ajudarão alguém em alguma situação ou problema ou que farão isto ou aquilo. Entretanto, em sua maioria, essas promessas são vazias e sem significado, pois ele raramente cumpre alguma. Outra faceta da irresponsabilidade desses indivíduos é a sua dificuldade em honrar suas obrigações financeiras. Sociopatas empurram com a barriga suas dívidas, sempre prometendo que irão pagar, mas continuamente protelando o dia de acertar as contas. Contudo, se todas as suas falhas de comportamento acontecessem uniformemente, todos perceberiam que ele não se trata de alguém confiável, e assim logo se afastariam dele. Por esse motivo, esses indivíduos alternam períodos e situações em que se comportam como pessoas normais com outros em que transparecem seu desvio de conduta. Podem durante algum tempo, por exemplo, ir regularmente ao trabalho, honrar seus compromissos financeiros e até obter títulos honoríficos no trabalho ou universidade. Psicopatas não irão passar a perna em todas as pessoas e em todas as situações ao mesmo tempo. Se isso acontecesse, seria bastante simples lidar com eles. Sua habilidade transiente, mas ao mesmo tempo convincente, de atingir objetivos torna as pessoas ao redor dele perplexas quando eles passam a se comportar da maneira doentia. Para agravar o quadro, não se pode prever por quanto tempo o psicopata vai se comportar de uma maneira socialmente aceitável e quando (ou como) vai agir desonesta, excêntrica ou desastrosamente. No auge do seu sucesso na empresa, ele pode passar um cheque sem fundos, cometer um furto ou não comparecer ao escritório. Semelhantemente, enquanto vive uma ótima fase no seu casamento, pode, sem motivo que justifique, começar um bate-boca com sua esposa, mandá-la embora de casa ou agredir um filho. Embora possamos predizer que seu mau comportamento e sua deslealdade vão continuar a acontecer, é impossível determinar quando, e tomar precauções contra elas. Portanto, se você conhece alguém assim, nunca confie em acordos firmados com ele, desconfie de suas promessas e nunca espere que ele vá agir conforme as regras. Sociopatas não têm consideração por ninguém.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Julgamento Pobre e Incapacidade para Aprender com Experiências Pregressas

(Esta característica é tanto mais pronunciada quanto mais grave for a manifestação da psicopatia.) Sociopatas têm enorme dificuldade ou são incapazes de modificar seu comportamento por aprender com experiências anteriores. Na realidade, quando descobrem que seu comportamento não é tolerado pela sociedade, sua reação é escondê-lo, mas nunca suprimi-lo. Dessa maneira, eles inteligentemente mascaram sua personalidade. Ele joga fora excelentes oportunidades para ganhar dinheiro, para reaproximar-se de sua esposa, para sair do hospital ou para obter coisas que ele anteriormente fez considerável esforço para obter. Essa característica pode estar relacionada com a deficiência em suas reações ao medo. Dr. Hervey Clckley diz: “minha opinião é que nenhum tipo de punição é capaz de fazer um psicopata mudar de comportamento”. Sua capacidade de realizar julgamentos é normal apenas quando ele analisa situações que ocorrem na vida de terceiros. Nesses casos, ele pode demonstrar excelente raciocínio e habilidade. Por outro lado, quando o deve aplicar esse raciocínio a situações de sua própria vida, o psicopata rapidamente transparece os sinais de sua deficiência. Sociopatas não aprendem com as punições e nem com a experiência; por essa razão, são encontrados mais facilmente entre os marginais aprisionados. Eles acreditam ter uma certa imunidade natural para os limites da vida. Os psicopatas parecem ser refratários tanto aos estímulos negativos, como castigos, penas, contra-argumentações, apelos morais etc., como também aos estímulos positivos, como é o caso dos carinhos, recompensas, suavização das penas, apelos afetivos.

sábado, 1 de novembro de 2008

Impulsividade

A ausência de sentimentos éticos e altruístas unida à falta de sentimentos morais impulsiona o psicopata a cometer crueldades, brutalidades e, nos casos mais extremos, até crimes. Essa impulsividade reflete também um baixo limiar de tolerância às frustrações, refletindo-se na desproporção entre os estímulos e as respostas; em outras palavras, eles podem reagir de forma exagerada a estímulos mínimos e triviais. No entanto, deve-se ter sempre em mente que as respostas emocionais do psicopata não são iguais àquelas que ocorrem num indivíduo normal. Tomemos como exemplo a ira. Quando um sociopata sofre com uma crise de raiva, muito do que ele demonstra é apenas teatral, ie, ele não apresenta, como as outras pessoas, uma intensa descarga de adrenalina, que se traduz em aumento dos batimentos cardíacos e da freqüência respiratória, aumento do diâmetro da pupila e tremores. Tanto isso é verdade, que os sociopatas conseguem retornar ao seu estado normal de tranqüilidade rapidamente, ao contrário das outras pessoas, que precisam de algum tempo para esfriar a cabeça. Na realidade, a ira do psicopata é muito mais racional que emocional, e, justamente por isso, algumas vezes ele se gaba, bancando o emocionalmente equilibrado quando alguém à sua volta perde a cabeça por algo que ele praticou. A violência que ele pratica é planejada, proposital e sem emoção (“a sangue frio”). Quando insatisfeito com alguém, ele maquina e executa a violência sem sentir exatamente o que os outros sentiriam na mesma situação. Por isso, a psiquiatra Ana Beatriz escreve: “Um psicopata, quando perde o controle, sabe exatamente até onde quer ir, no sentido de magoar, amedrontar ou machucar uma pessoa.” Muito disso se correlaciona com o seu senso de superioridade, com a crença que tem de que pode exercer domínio irrestrito sobre as outras pessoas, ignorando as necessidades delas e justificando qualquer coisa que sirva para alcançar seus objetivos e evitar as conseqüências negativas dos seus atos para eles mesmos. Por outro lado, os defeitos de caráter costumam fazer com que o psicopata demonstre uma absoluta falta de reação frente a estímulos importantes.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Problemas Graves de Comportamento na Infância ou Delinquência Juvenil

Desde criança, o psicopata manifesta uma certa crueldade e tendência a cometer atividades delituosas. Traços de psicopatia podem ser reconhecidos algumas vezes durante a infância ou nos primeiros anos da adolescência, sendo diagnosticadas como Transtorno de Conduta. Embora não seja condição sine qua non, a sociopatia do adulto pode ser precedida pelo transtorno de conduta juvenil. Alguns traços de comportamento que chamam a atenção para o diagnóstico de Transtorno de Conduta são: enurese noturna (a criança molha a cama durante a noite já depois do período pré-escolar, mesmo sem quaisquer sinais de doença física); mentiras sistemáticas; atos de vandalismo, como atear fogo em propriedades alheias; roubos, faltas à escola (a criança mata aula) e agressões físicas, verbais ou psicológicas a colegas e vizinhos. Sociopatas violentos têm histórico de maus tratos a pequenos animais quando mais novos. Essas crianças são aparentemente imunes à punição dos pais. Nada parece funcionar para coibir seu comportamento indesejável, o que faz com que muitas vezes os pais entreguem os pontos, piorando a situação. Embora muitas vezes elas consigam dissimular seu caráter por algum tempo, seu comportamento lhes custa a antipatia tanto por parte colegas quanto de professores. Alguns pacientes com transtorno de personalidade psicopática têm histórico de negligência e abuso na infância por parte de seus pais.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Manipulação e Chantagem

O psicopata tem especial prazer em exercer poder e controle sobre as pessoas. Para tal, ele percorre uma seqüência de 3 passos, ao final dos quais quase sempre já terá ganhado sua vítima. Funciona assim: primeiramente, com seu charme e carisma, ele suscita o encanto de sua vítima; em seguida, a seduz, utilizando-se de constantes elogios e de uma máscara de amizade genuína; por último inicia o jogo da manipulação. Por quê? Porque, partindo do princípio de que não se pode manipular quem não se deixa manipular, isso só será possível se a vítima tiver sido previamente seduzida. E em face de sua grande inteligência verbal, ele ganha rapidamente a confiança e o apego dela, fazendo-a acreditar que ele é seu (melhor) amigo e que está sinceramente interessado nela. Depois que passa a ser visto como alguém acima de qualquer suspeita, tem seu caminho completamente livre para manipular e conseguir qualquer coisa que quiser. Na maior parte das vezes, contudo, ele manipula de forma sutil, alcançando o que quer por saber sugestionar a vontade e as emoções das pessoas. Fazem parte do seu repertório de recursos a mentira, as distorções da verdade, a mescla de verdade com mentira, a insinuação, a sedução, a teatralização, a produção de falsas provas e o perfeito manejo de palavras e frases, de tal forma que as pessoas, sem perceberem, dizem, entregam e fazem tudo o que ele deseja, de mão beijada e com toda a satisfação. Contudo, se não obtém sucesso em suas tentativas “de paz”, o psicopata pode lançar mão de artifícios menos sutis, como a chantagem, a intimidação, a ameaça e a violência. Aos poucos, sua máscara começa a cair, tanto porque algumas mentiras começam a ser descobertas quanto por causa dos seus inúmeros defeitos de caráter, que, cedo ou tarde, começam a ser percebidos. A vítima começa a “juntar as peças do quebra-cabeças” e se dá conta de que alguma coisa está errada. Ainda confusa, começa a questionar seu amigo sobre fatos que compreende bem, na esperança de que irá obter uma explicação razoável e de que tudo vai voltar a ser como antes. O sociopata passa então para o segundo tempo do jogo, comportando-se de forma cada vez menos gentil e se tornando cada vez mais agressivo. Ao passo em que procura a todo custo encobrir suas mentiras, por dar explicações que muitas vezes não colam ou por elaborar histórias fantasiosas em cima das mentiras que já vinham sendo contadas, volta-se agora contra a sua vítima. Executando um jogo psicológico que envolve agredi-la verbal, emocional ou até fisicamente, ele sai pela tangente, acusando-a de loucura e de estar desconfiando dele (mas nunca chegando exatamente à questão que fora inicialmente levantada); ao mesmo tempo, pode manter o discurso de que a ama e de que tudo o que faz é por estar interessado no bem estar dela. O sociopata alterna períodos em que impinge sofrimento à vítima com períodos em que demonstra afeto, carinho e consideração. A vítima, em meio a esse comportamento paradoxal, e ainda acreditando no bom caráter do seu agressor, não consegue processar corretamente os fatos, tornando-se cada vez mais vulnerável à agressão. Fica à sua mercê, sob total dependência em relação a ele, dada à imprevisibilidade do comportamento do seu agressor. Algumas vezes, convencida de que é a culpada por esses eventos, acaba por elaborar meios para tentar acalmar seu agressor. Com isso, torna-se ainda mais solícita ainda mais propícia a agradá-lo, especialmente quando ele encarna o papel do coitadinho, evocando nela sentimentos de culpa e piedade. E é justamente isto o que o sociopata deseja: mais e mais poder sobre sua vítima. Como um verdadeiro vampiro, ele alimenta-se mais e mais da boa vontade dela, ao passo em que persiste em agredi-la a troco de nada e em fazer ameaças de abandoná-la, sempre que ela faz ou diz qualquer coisa que o desagrade, por mínima que seja. O sociopata, em suas agressões, pode lançar mão de “argumentos de autoridade” falsos para corroborar suas opiniões e falsas acusações. Pode, por exemplo, acusar falsamente a vítima de ser relapsa e descuidada e dizer a ela, também falsamente, que outras pessoas já haviam comentado com ele as mesmas coisas sobre ela. A vítima, acuada no turbilhão desse jogo psicológico, muitas vezes não tem como comprovar essas afirmações e pode cair na fraqueza de acreditar nas mentiras, afundando ainda mais. Outra tática de que o psicopata se utiliza para seduzir e posteriormente intimidar e imobilizar a vítima é a alegação de onisciência. Funciona assim: ele incute na cabeça da vítima e de outras pessoas que podem ajudá-la a idéia de que ele está a par de absolutamente tudo: do que aconteceu no passado, do que está acontecendo no presente e do que vier a acontecer no futuro. Convence a vítima de que saberá de tudo o que ela fizer ou disser. Paralisada pelo medo perpretado por seu algoz, a vítima permanece estática, completamente sem ânimo para se desvencilhar da armadilha e buscar ajuda. Mesmo quando o sociopata é pego de surpresa, ie, quando a vítima consegue fazer alguma coisa em sua defesa sem o seu conhecimento, ele prontamente a convencerá de que estava sabendo de tudo e de que viu tudo, aprisionando-a novamente, mesmo que ela, racionalmente, perceba a improbabilidade de suas declarações serem verdadeiras. Dr. McRary diz: “Eles são excepcionalmente bons nisso. Eu creio que os psicopatas são os melhores psicólogos naturais que existem. Lêem as pessoas, captam suas vulnerabilidades e se aproveitam da situação com maestria.” A psiquatra Ana Beatriz, falando sobre a tática de despertar sentimentos de piedade para aprisionar a vítima, afirma: “Quando tiver que decidir em quem confiar, tenha em mente que a combinação consistente de ações maldosas com freqüentes jogos cênicos por sua piedade praticamente equivale a uma placa de aviso luminosa plantada na testa de uma pessoa sem consciência. Pessoas cujos comportamentos reúnam essas duas características não são necessariamente assassinas em série ou nem mesmo violentas. No entanto, não são indivíduos com quem você deva ter amizade, relacionamentos afetivos, dividir segredos, confiar seus bens, seus negócios, seus filhos e nem sequer oferecer abrigo!” E a Dra. Martha Stout, autora do livro The Sociopath Next Door, complementa: “Se você se achar tendo sentimentos de compaixão por alguém que consistente e constantemente fere e magoa você ou outras pessoas, mas que vive em constante campanha para ganhar a sua simpatia, a probabilidade de estar lidando com um psicopata é de quase 100%.” E ainda, um dos autores do livro Women who Love Psychopath – Inside the Relationships of Inevitable Harm, afirma: “Sociopatas não vêem nenhum problema ao atuar como indivíduos dominadores e ao mesmo tempo como pobres vítimas.” Para desavisados que caem nas garras de um psicopata por meio da internet, isso pode ser uma experiência bastante traumática, pois ele está à caça de inseguranças alheias; além disso, em ambiente virtual, é bem mais fácil fingir o que se quer. Isso dá à vítima bastante tempo para acalentar a falsa idealização sobre seu amigo virtual. O sociopata não sente empatia; não consegue se colocar no lugar do outro. Ele é egoísta e egocêntrico. Para ele, pessoas são como ferramentas guardadas num armário: ele se utiliza da pessoa certa para ajudá-lo num objetivo específico; conseguido o que ele queria, a companhia dela perde o seu valor. Ele então simplesmente a descarta e parte adiante, para dar um novo golpe.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ausência de Empatia para com os Outros

Psicopatas são incapazes de amar e dificilmente apegam-se a outras pessoas. Não sentem remorso ou vergonha quando abusam dos outros. Contudo, isto não significa que o psicopata não esboce nenhum tipo de emoção. Em realidade, eles as têm, mas em relação a eles mesmos, não em relação aos outros. São como que incapazes de sentir emoções “sociais”, tais como simpatia, empatia, gratidão. Essa pode ser a explicação por que os sociopatas têm um desejo tão pronunciado de impingir sofrimento e dor em outras pessoas sem sentir qualquer remorso. Para eles, as emoções alheias não têm importância alguma. Eles tratam as pessoas à sua volta como coisas; objetos de manipulação. Como bem descreveu Gabbard, “Uma das características mais importantes que se observa nos psicopatas é a falta de empatia e um estilo de interação sadomasoquista baseado mais no poder do que nas vinculações afetivas.” De fato, alguns indivíduos com traços de psicopatia dirão que suas relações interpessoais são muito importantes para eles: contudo, eles demonstram seu desapego às pessoas por meio de suas ações, por enganarem e ferirem aqueles que lhes são mais próximos sem dar a menor importância ao impacto negativo que seu comportamento causa nos outros. David S. Holmes afirma que os sociopatas “com frequência verbalizam fortes sentimentos e compromisso (por exemplo, facilmente dizem eu te amo), mas seu comportamento indica o contrário.” Além disso, quando as coisas dão errado, eles frequentemente explicam a cadeia de eventos de uma maneira que os isenta de qualquer responsabilidade pela situação em que estão.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Promiscuidade Sexual

Sociopatas podem ter em seu histórico uma coleção de relacionamentos breves e superficiais, numerosos casos amorosos e uma seleção indiscriminada de parceiros sexuais, do sexo oposto ou não. Alguns têm vários parceiros ao mesmo tempo. Outra característica que se apresenta são os relatos de tentativas que eles fizeram para forçar as pessoas a manter algum tipo de contato sexual, além de demonstrarem grande orgulho em relatar suas conquistas e explorações nessa área. Quando confrontados com seu mau comportamento, podem racionalizar para justificarem-se: “Ah! Foi ela que quis. Bastava ver o jeito que ela tava vestida.” Ou: “Ela que quis e depois ficou se fazendo de santinha”. No entanto, os desvios de comportamento deles na área sexual não são exatamente uma compulsão ou vício. Na realidade, para eles, a sexualidade é só mais um componente dentro da miríade de manifestações dos seus desejos doentios. Esses incluem a necessidade por gratificação imediata, o desejo de manipular as vítimas e a necessidade de provar para outros que ele é melhor. Assim sendo, a gratificação que vem pela atividade sexual decorre da sensação de poder que o sociopata tem em exercê-la; da capacidade que ele tem de ludibriar suas vítimas, levando-as pensar que ele deseja um compromisso, quando na verdade seu interesse é meramente pontual. Para eles, sexo ou orientação sexual é somente mais uma ferramenta a ser usada quando se quer atingir um objetivo, seja ele qual for.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Habilidade para Mentir [Mentira Patológica]

O psicopata não vê diferença entre a sinceridade e a falsidade. Diferentemente de todo mundo, ele não mente circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma situação. Ele sabe que está mentindo, mas não se importa, não tem vergonha ou arrependimento e nem sequer sente desprazer quando mente. Mente muitas vezes sem qualquer justificativa ou motivo. É capaz de mentir olhando nos seus olhos, sem esboçar qualquer tipo constrangimento ou vergonha. Mente durante todo o tempo e com todos, algumas vezes subestimando a insensatez de suas próprias mentiras. Conta lorotas como se fossem a verdade mais cristalina. O psicopata geralmente fala o que convém e o que se espera para uma dada circunstância. Ele pode mentir com a palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para ele, como quando se finge de arrependido, ofendido e magoado, ou quando simula tentativas de suicídio. Para ele, a mentira constitui um mero instrumento de trabalho, do qual lança mão para atingir seus objetivos. Os sociopatas conseguem se safar quando submetidos ao teste do detector de mentiras, pois não esboçam ansiedade ao mentir. Mas o pior se dá quando eles aliam essa habilidade à sua inteligência acima da média. Em fevereiro de 2006 veio à tona um caso assim. O bacharel em Direito Alessandro Marques Gonçalves foi preso por exercício ilegal da medicina. Alessandro forjou documentos e conseguiu trabalhar em 3 grandes hospitais de São Paulo. Apesar de ter aleijado 23 pessoas, “ele usa termos técnicos e fala com toda a naturalidade; parece um médico”, diz André Ricardo Hauy de Lins, delegado que o interrogou. Nas prisões, os psicopatas mais espertos conseguem dissimular a tal ponto, que chegam a obter redução da pena, por bom comportamento. Comportam-se como cordeiros. Alguns podem até mesmo forjar uma conversão religiosa. Por outro lado, quando seu teatro é descoberto, costumam criar uma nova mentira para encobrir a primeira, elaborar ainda mais a que já vinha sendo vendida ou transparecer a falsa impressão de arrependimento, jurando que mudarão “daqui pra frente”. São, contudo, incapazes de suprimir sua índole maldosa, sendo ao mesmo tempo artistas na capacidade de disfarçar inteligentemente seu lado negro. Uma nuance que encontra lugar nesta característica é o uso que muitas vezes o sociopata faz de pseudônimos e personagens imaginários para lucro pessoal ou prazer. Isso é especialmente possível no âmbito da internet, onde não há regras e todos estão escondidos atrás dos computadores. A habilidade para mentir sem qualquer pudor e sem levantar suspeitas faz com que eles muitas vezes se dêem bem nas entrevistas de emprego, embora a sua irresponsabilidade no trabalho com freqüência os impeça de se manterem empregados por longos períodos (mais detalhes adiante). Alguns, contudo, usam do seu charme e mentiras para conquistar a confiança do chefe e tirar do caminho colegas que podem atrapalhar sua ascensão social. Chama-se de mitomania a grande habilidade que esses indivíduos têm para mentir; forjar situações e convencer as pessoas a acreditar no que não é verdadeiro. Dr. Stout diz: “A realidade é aterradora. Um psicopata pode ludibriar qualquer pessoa. Qualquer uma!”. Psicopatas são mentirosos, mas não aceitam quando a mentira é aplicada a eles; por isso exigem fidelidade e verdade daqueles com quem se relacionam.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ausência de Remorso ou Culpa

Sociopatas não se arrependem nem sentem remorso, ao menos como as pessoas normais sentem. Pelo contrário, sua especialidade é culpar os outros. Têm forte uma tendência de culpar as outras pessoas por suas próprias ações e falhas. Frases como “quem começou foi você”, “eu só agi assim em resposta ao que você fez” ou “nada disso teria acontecido se você não tivesse feito aquilo” são clássicas deles. Quando não podem escapar do fato de que realmente praticaram uma má ação, podem chegar ao extremo de atribuir sua atitude à influência de demônios, para tentarem se eximir. Reagem à critica com raiva, vergonha e sentimento de humilhação, mesmo que não os expressem. Parecem certos de que nunca cometem equívocos. Sempre apresentam desculpas para seus descuidos. Comumente se utilizam de racionalizações para justificar o fato de terem ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. Sua ausência de remorso é especialmente observável quando se engajam em humilhar, ridicularizar e desprezar suas vítimas (maiores detalhes no post “Abuso Verbal”). (Muito embora, na maior parte dos casos, a agressão ocorra apenas em situações em que o agressor e a vítima encontram-se a sós, pode também se dar de forma mais sutil na presença de outras pessoas, como diante de familiares, colegas de trabalho ou no grupinho de amigos.) Todos os sociopatas têm uma característica em comum: colecionam histórias de como foram injustiçados por amigos, familiares ou outras pessoas do seu convívio. O relato é sempre o mesmo: foram perseguidos, mas são inocentes. Não importa o contexto, o teor das histórias revela sempre um coitadinho, vítima de pessoas más e sem consciência. Contando isso com sua peculiar capacidade de persuadir, o sociopata se passa pelo bonzinho ao mesmo tempo em que segrega grupos, e coloca em dúvida o caráter e a honradez de quem não pode se defender. Por esse motivo, alguém afirmou: “Quando um psicopata se queixa de como os outros o estão tratando, atente bem para quem está sendo a provável vítima.” Eles aparentemente não apresentam a sensação física que reconhecemos como culpa. Podem até sentir medo, raiva, tristeza no momento, mas não culpa pelo que fizeram ou estão prestes a fazer. Um sociopata afirmou para o Dr. Michael G. Conner: "As pessoas sabem quando alguma coisa é errada porque elas sentem que é errada. Eu necessito ser constantemente lembrado de que roubar é uma prática condenável. Eu simplesmente não consigo sentir culpa ao subtrair coisas das pessoas.” Por outro lado, a psiquiatra forense Helen Morrison ressaltou em entrevista à CNN: “O pior indivíduo é aquele que não tem absolutamente nenhuma consciência [ou remorso] pelo erro. (…) Mas alguns podem sentir remorso até um certo ponto, embora isso não vá impedi-los de cometer qualquer coisa que desejem, seja uma operação financeira irregular, magoar os amigos e familiares ou praticar assassinatos em série.” De fato, o arrependimento e o remorso dos sociopatas é sempre autocentrado. Em outras palavras, eles podem até ficar tristes por algo que fizeram, mas isso por causa das conseqüências negativas que sua atitude acarretou contra eles próprios.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Inteligência Acima da Média

O QI [quociente de inteligência] desses indivíduos costuma ser maior que o da média da população. Esses são os mais bem-sucedidos na arte de enganar e manipular os outros, e de subir na vida às custas do prejuízo alheio. Os sociopatas com baixo nível intelectual são os que mais facilmente terminam nos presídios.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sentimentos Insuflados de Importância Pessoal

O psicopata tem um ego insuflado. Sua personalidade narcisista caracteriza-se por auto-referências excessivas, grandiosidade, tendência à superioridade, exibicionismo, e dependência da admiração dos outros, embora possa haver crises de insegurança alternando-se com os momentos em que os sentimentos de grandiosidade são mais perceptíveis. Não raro, ele prioriza fantasias em detrimento das circunstâncias reais. Ele quer ser admirado, quer ser o mais rico, o mais bonito, o melhor vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, a seu personagem do momento, de acordo com a circunstância e com sua personalidade narcisista. O psicopata pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar com sucesso, dando a todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro. Seu único sistema de valores é o exercício do poder e da agressão, características que delineiam o narcisismo patológico. Um psicopata está sempre centrado em si mesmo, mesmo quando parece estar cuidando de outras pessoas. A definição de seus “amigos” é de pessoas que o suportam e o protegem das conseqüências de seu próprio comportamento antissocial. Um psicopata irá usar as pessoas para divertir-se, entreter-se, aumentar sua própria auto-estima; irá também, invariavelmente, dar valor às pessoas em termos de suas posses materiais ou do que elas podem oferecer a ele. Mais detalhes no post Egocentrismo e Egoísmo.

sábado, 30 de agosto de 2008

Busca por Estimulação / Sensibilidade à Monotonia

Sociopatas necessitam constantemente de algum tipo de estímulo para não se sentirem entediados. Isto se traduz em diversas manifestações, a depender da pessoa e do grau da sociopatia. Características que fazem parte dessa busca por estimulação incluem necessidade por fazer atividades que põem em risco a vida deles e a de outras pessoas e a irresponsabilidade no trabalho e no ambiente acadêmico, com desempenho irregular, atividades mal realizadas e faltas repetitivas, que causam problemas com chefes e colegas. Por causa disso, esses indivíduos geralmente não conseguem se manter empregados por longos períodos. Alguns, para não sentirem tédio, levam a vida como se ela fosse uma novela, em que eles (obviamente, eles!) são os protagonistas. Eles podem, inclusive, realizar algumas ações inspirados em atores televisivos. Outros criam personagens imaginários e alimentam essas histórias fictícias como se fossem realidade. É característico deles cunharem para si cognomes, por meio dos quais interagem com as outras pessoas, seja pessoalmente ou utilizando-se da internet.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Desembaraço e Charme Acima da Média

Sociopatas são encantadores à primeira vista. São dotados de uma incrível facilidade para lidar com palavras e conquistar as pessoas, o que os permite com frequência se tornarem líderes, na empresa, no condomínio, na igreja ou no grupinho de amigos. São engraçados, aparentam amizade e têm um papo legal e interessante. Contam histórias incríveis, mas surpreendentemente convincentes, nas quais eles são sempre os protagonistas. À primeira vista, ninguém vê nada de errado neles; fazem o papel de pessoas felizes e bem-ajustadas. Oliveira diz: “o psicopata comunitário é afável, agradável, sedutor, carinhoso...”. Não poupam elogios nem gentilezas; cercam sua vítima de carinho e cuidado; não economizam nas promessas. Com sua máscara de simpatia, são, portanto, capazes de impressionar e cativar rapidamente. Não demora muito para que quem conhece um tenha o forte sentimento de que pode esperar mais dele do que de qualquer outra pessoa. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, em seu livro Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado, resume bem isso quando afirma: “Em pouco tempo ele é capaz de se tornar seu melhor amigo de infância.” Uma vítima, depois que se deu conta da cilada em que caíra, escreveu: “Eu ainda estou apaixonada pela pessoa que eu pensava que ele era.”

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Identificando um Sociopata da Vida Real

Sociopatas são indivíduos que se caracterizam por aversão à estrutura social vigente e às obrigações que dela advêm, apresentando falta de consideração para com os sentimentos alheios.

Como dissemos, o Dr. Robert desenvolveu um checklist que consta de 20 itens. Cada um deles deve ser graduado com uma pontuação, que vai de 0 (quando não é aplicável ao indivíduo examinado) até 2 (quando é perfeitamente aplicável a ele). Quanto maior a pontuação somada, maior a caracterização de uma pessoa como tendo traços de personalidade psicopática. Robert Hercz afirma em seu artigo The Psychopath Among Us que, num estudo realizado entre indivíduos agressores, detentos na América do Norte, a média de pontuação pelo PCL era de 23.3.

Na realidade, a psicopatia pode se manifestar desde formas leves, representadas por indivíduos que importunam e enganam as pessoas ao seu redor, até as mais graves, encarnadas por autores de crimes hediondos em série. Seu diagnóstico só pode ser dado por médicos ou psicólogos devidamente treinados para tal.

Por outro lado, concordamos com o Dr. Hare, quando afirma: “Medidas e categorizações são obviamente fundamentais em qualquer campo da ciência, mas as implicações de estar apto para identificar sociopatas são mais práticas do que acadêmicas. Trocando em miúdos, se formos incapazes de identificá-los, estamos fadados a nos tornarmos suas vítimas, tanto como indivíduos quanto como em sociedade.”

Portanto, nós desencorajamos que leigos saiam por aí tachando as pessoas que conhecem de psicopatas. Lembramos que o ato de diagnosticar uma entidade, seja ela orgânica ou comportamental, só é permitido a profissionais legalmente habilitados. Em contrapartida, incentivamos que nossos leitores fiquem a par dos sinais de alerta para a sociopatia e todas as suas nuances, tornando-se assim aptos a identificar suspeitos para poderem se defender a tempo.

Antes de analisar os sinais de alerta, convém citarmos as palavras de Dra. Martha Stout, professora da escola de medicina da Universidade de Harvard. Em entrevista à rede de televisão CNN, falando para leigos, ela comentou: “Um psicopata não tem que preencher 100% dos critérios para ser considerado como tal. Penso eu que três ou mais características já levantam forte suspeita de que estamos lidando com um indivíduo assim.”

Vamos agora aos sinais de alerta:

  1. Desembaraço e Charme Acima da Média
  2. Sentimentos Insuflados de Importância Pessoal
  3. Busca por Estimulação/Sensibilidade à Monotonia
  4. Inteligência Acima da Média
  5. Ausência de Remorso ou Culpa
  6. Habilidade para Mentir [Mentira Patológica]
  7. Manipulação e Chantagem
  8. Ausência de Empatia com os Outros
  9. Controles Comportamentais Precários
  10. Promiscuidade Sexual
  11. Problemas Graves de Comportamento na Infância e ou Delinqüência Juvenil
  12. Impulsividade
  13. Irresponsabilidade e Não Confiabilidade
  14. Julgamento Pobre e Incapacidade para aprender com experiências pregressas
  15. Incapacidade de se Responsabilizar por Suas Próprias Ações
  16. Casamentos/Relacionamentos de Curta Duração
  17. Egocentrismo e Egoísmo
  18. Parasitismo Social
  19. Ausência de Delírios [“insanité sans delire”]
  20. Falsidade e Insinceridade
  21. Mau comportamento relacionado ao consumo de álcool
  22. Violação de Condicional
  23. Versatilidade Criminal
  24. Ausência de Objetivos de Longo Prazo

domingo, 10 de agosto de 2008

Estudos Sobre a Psicopatia - Um Breve Histórico

O primeiro estudo relevante sobre a sociopatia foi publicado em um livro intitulado “A Máscara da Sanidade”, de autoria do psiquiatra americano Hervey Clekley. Na atualidade, o psicólogo canadense Robert Hare é o maior especialista mundial no assunto. Dr. Hare criou um questionário, conhecido como Escala Hare ou PCL (do inglês, Psychopath Checklist), que mensura, por meio de pontos, o quanto da personalidade de alguém é afetada por traços de psicopatia.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Psicopatas: Um Comentário Introdutório

Aqueles que costumam acompanhar a programação televisiva brasileira devem estar razoavelmente inteirados do enredo de A Favorita, a novela das oito, veiculada pela Rede Globo. A trama principal gira em torno de duas irmãs de criação, Flora (interpretada por Patrícia Pillar) e Donatela (interpretada por Cláudia Raia). Flora é portadora de um ciúme doentio contra Donatela, ao mesmo tempo em que tem obsessão por tudo quanto é dela. Após ter cumprido pena de 18 anos de reclusão pelo assassinato de Marcelo, personagem que no passado havia tido um caso amoroso com as duas irmãs, Flora volta ao cenário, decidida a destruir a vida de Donatela e a galgar o posto máximo da fábrica de papel Fontini, presidida pelo seu próprio sogro, Gonçalo Fontini. Para tal, ela manipula situações, forja falsas provas e comete assassinatos; tudo em nome do seu plano maquiavélico de autogratificação e exercício do poder. Flora, contudo, apresenta-se como uma moça pacata, despretensiosa e de bom coração, que cumpriu pena injustamente, mas que está disposta a começar uma nova vida ao lado de sua família. Sua pose de boa menina lhe permitiu cair nas graças de Irene Fontini, sua sogra, e esposa de Gonçalo. Irene, movida pela compaixão despertada por Flora, alberga-a sob seu próprio teto e inocentemente abre todas as portas para a concretização dos planos da vilã.

Quando ouvimos o termo psicopata, logo imaginamos um homem com feições sisudas capaz de cometer crimes hediondos, como estupros ou assassinatos em série. O protótipo do psicopata no imaginário dos brasileiros é Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, atualmente preso, e assassino confesso de 9 mulheres. A mídia contribui para massificar na população esse estereótipo na população, o qual – embora não de todo errado – é incompleto.

Psicopatas são o que há de mais temível e intrigante nos descaminhos da mente humana. Como Flora, eles são eloquentes, charmosos, sedutores e capazes de cativar rapidamente as pessoas ao seu redor. Além de portadores dessas invejáveis características, esses indivíduos também são insensíveis, frios e com uma incrível capacidade para mentir e para manipular as pessoas, sem qualquer sentimento de culpa.

Conforme o DSM-IV-TR, a característica essencial do psicopata é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos alheios, que se inicia na infância ou no começo da adolescência e continua na idade adulta.

Ao contrário do que muitos pensam, apenas uma mínima fração dos psicopatas está envolvida em crimes hediondos ou em violência. Na realidade, como veremos adiante, existem graus variados de sociopatia, sendo que a maioria dos sociopatas não comete crimes no sentido estrito. Eles são, entretanto, predadores sociais: deixam atrás de si um rastro de desapontamentos, decepções, desajustes sociais e famílias rachadas. Por outro lado, devido à sua grande capacidade de dissimulação, conseguem se passar por cidadãos comuns que, à vista dos desavisados, apresentam no máximo pequenos problemas de conduta ou mínimas falhas de caráter. A maior parte deles se dedica a atormentar as pessoas e a dar golpes, sem nunca, ou quase nunca, atentar fisicamente contra as suas vítimas. É sobre os que não cometem agressões físicas que falaremos aqui.

Estima-se que 1 a 4% da população são sociopatas em maior ou menor grau, sendo essa proporção a mesma em todos os continentes. No Brasil, cerca de 5 milhões de pessoas são portadoras desse distúrbio, sendo que, de cada 5 indivíduos acometidos, 4 são homens e 1 é mulher.

Apesar do aparente baixo percentual de pessoas com essa entidade, não devemos subestimar o mal que esses indivíduos podem impingir à sociedade. Dr. Hare diz: “Considere que a prevalência da psicopatia em nossa sociedade é mais ou menos a mesma da esquizofrenia, sendo esta última uma devastadora desordem mental que traz consigo uma experiência extremamente traumática tanto para o paciente quanto para a família. Entretanto, a dimensão do trauma associado com a esquizofrenia é pequena, se comparado com os estragos pessoais, sociais e econômicos causados pelos psicopatas. Eles formam uma rede bastante ampla, e quase todo mundo cai nela de uma maneira ou de outra.”

A personalidade cativante e ao mesmo tempo perniciosa desses indivíduos pode levá-los a posições de destaque na sociedade, transformando seus liderados em vítimas potencias. Na política, psicopatas emergem muito freqüentemente como os "salvadores da pátria”. São pessoas que fingem um patriotismo vigoroso e estão sempre cheios de planos descabidos, que compõem as promessas para iludir os eleitores. Normalmente, criam um padrão de comunicação verbal e visual peculiar e fazem promessas que, se observadas cuidadosamente, são impossíveis de serem cumpridas. Munidos dessas características, eles são eleitos, e passam a enriquecer às custas da exploração insensível do povo. Salas de aula e agremiações religiosas são outros exemplos de ambientes onde a ação dos sociopatas pode florescer sem grandes impedimentos.