sábado, 27 de dezembro de 2008

Indivíduos "Seminormais": O Psicopata Não Grave

A grande maioria dos psicopatas não preenche todos os critérios da escala Hare. Eles são o que o Dr. Martin Kanton, em seu livro The Psychopathy of Everyday Life – How Antisocial Personality Disorder Affects all of Us, chama de “seminormais”. Hare os denomina “Psicopatas de Sucesso”, pois conseguem se manter longe dos presídios e de terem problemas com a justiça. Algumas características desses indivíduos:
  1. Retêm alguma capacidade de sentir amor e empatia, bem como de demonstrar sentimentos nobres, como a piedade e o altruísmo – Isso faz que maneirem as atitudes quando vão praticar algum ato ilícito contra alguém. Todavia, Dr. Martin Kanton acredita que, ainda quando demonstra sentir empatia, o sociopata visa a algum tipo de benefício próprio; por exemplo, ele pode ser empático, ao mesmo tempo em que analisa se consegue manipular determinada pessoa sem grandes dificuldades, ie, se ela se trata de uma peça fácil de manobrar, dentro do seu jogo de poder.
  2. Retêm alguma capacidade de sentir culpa – Podem inclusive se desculpar pelos erros cometidos; isso, contudo, não fará diferença prática para evitar futuras agressões;
  3. Tendem a exibir menos que 3 dos critérios do DSM-IV;
  4. Consciente ou inconscientemente, tendem a exibir as características menos graves e menos perigosas da personalidade psicopática;
  5. “Psicopatas de sucesso” tendem a não se comportar durante todo o tempo e em todas as situações como psicopatas que são; em outras palavras, mais ainda que os psicopatas graves, esses indivíduos são idênticos às pessoas normais, ficando completamente camuflados na sociedade. Schneider afirma: “A conduta do psicopata nem sempre é toda psicopática, existindo momentos, fases e circunstâncias de condutas adaptadas, as quais permitem que ele passe despercebido em muitas áreas do desempenho social. Essa dissimulação garante sua sobrevivência social.”
  6. Algumas vezes fazem uma mudança positiva quando são pegos em algum ato irregular ou quando seus planos falham. Conquanto raramente admitam que são maus indivíduos, que cometeram um dado erro ou que necessitam do perdão de alguém, em algumas situações (e sem pensar duas vezes) eles simplesmente podem mudar de comportamento, surpreendendo a todos. Por exemplo, um criminoso pego em flagrante pode decidir abandonar o crime e começar a escrever um livro sobre suas experiências.

Em grande parte, sociopatas não graves obtêm sucesso (isto é, conseguem levar a vida como alguém normal) devido à sua surpreendente habilidade de camuflar suas tendências negativas – seus instintos hostis, por exemplo – numa fachada criativa-interpessoal-social positiva; entretanto, mesmo esta aparência lapidada retém algumas características do original psicopático.

Por exemplo, Robert Simon descreve os “sociopatas de sucesso” como indivíduos que tendem a levar uma vida de parasitismo e exploração dos outros, embora não se envolvam em delitos de maior monta. Estes últimos normalmente ficam por conta dos psicopatas mais agressivos.

“Indivíduos seminormais” raramente entram em frias tanto quanto esperaríamos para o comportamento deles. Quando estão em apuros, frequentemente se utilizam de suas táticas de manipulação e conseguem se safar. Eles são particularmente hábeis em fazer com que os outros simpatizem com eles e os tratem de maneira gentil e não punitiva.

Os que ainda conseguem manter-se no trabalho (lembre-se que sociopatas, por sua tendência à monotonia, geralmente não conseguem se fixar em nenhum emprego) vão utilizá-lo como uma ferramenta para satisfazer seus instintos sórdidos. A Dra. Ana Beatriz nos conta: “A grande maioria dos psicopatas utiliza suas atividades profissionais para conquistar poder e controle sobre as pessoas. Essas ocupações podem auxiliá-los ainda na camuflagem social daqueles que não levam uma vida francamente marginal (delinqüentes mais perigosos).”

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