terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Guia de Sobrevivência

Embora ninguém seja completamente imune às maquinações dos psicopatas, aqui vão algumas dicas para lhe ajudar a escapar antes de cair na armadilha de um deles.

  1. Saiba com quem você está lidando – Isso parece uma tarefa fácil, mas pode ser de fato bastante difícil. Todo o conhecimento adquirido por meio de leituras não o tornará necessariamente imune aos efeitos devastadores da ação de um psicopata. Qualquer um, incluindo especialistas em psicopatia, pode ser ludibriado por um deles. “A bajulação excessiva, o agradar afetado e pouco realista é uma das táticas dos psicopatas para nos cegar, seduzir e encobrir suas verdadeiras intenções: manipulação e controle”, afirma a psiquiatra Ana Beatriz. Portanto, olhos bem abertos!
  2. Não se deixe influenciar facilmente – Não é fácil ficar imune ao sorriso encantador, à linguagem corporal cativante e ao modo rápido de falar típico do psicopata. Ele se utiliza dessas técnicas para cegar suas potenciais vítimas, ocultando suas reais intenções, que são a autogratificação e o exercício do poder. Esteja atento.
  3. Fique atento quando conhecer alguém – Não seja ingênuo. Quando conhecer uma nova pessoa, seja um colega de trabalho, um amigo ou um namorado, procure pelos sinais de alerta. Não compartilhe coisas importantes de sua vida nos primeiros encontros. Sociopatas, bem mais do que qualquer outra pessoa, sabem como camuflar perfeitamente o seu lado negro, para darem uma boa primeira impressão. Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles sempre deixam escapar alguma coisa. Se você estiver atento, poderá pegar o fio do novelo e descobrir muita coisa escondida...
  4. Tenha especial cuidado em determinadas situações – Algumas situações são especialmente chamativas à ação de psicopatas: bares, cruzeiros, aeroportos internacionais. Em todos esses casos, a vítima em potencial está só e em busca de passa-tempo ou de divertir-se em boa companhia. É precisamente aí que surge o predador.
  5. Conheça-se a si mesmo – Psicopatas são incrivelmente habilidosos em explorar os pontos fracos das pessoas. Como já dissemos, eles são especialistas em detectá-los. Sua melhor defesa é conhecer suas próprias vulnerabilidades e ficar antenado a qualquer um que se fixe nelas.

Infelizmente, por mais precauções que tomemos, nada pode garantir que não seremos pegos desprevenidos. Se você foi ou está sendo vítima de um sociopata, procure reduzir ao máximo os efeitos nocivos de suas ações. Sabemos que não é fácil, mas estas sugestões poderão ser úteis:

  1. Procure a ajuda de um profissional – Médicos e psicólogos com experiência em sociopatia estão aptos para oferecer o suporte de que você necessita. Portanto, não hesite em procurá-los.
  2. Não se culpe e não deixe que ele lhe culpe – Quaisquer que sejam as razões por você ter se envolvido com um sociopata, é de fundamental importância que você não se culpe pelas atitudes e comportamento dele. Ele tentará convencê-lo de todas as formas que você é o culpado por ele estar agindo como age. Ele tem uma habilidade incrível de inverter os papéis, transformando você no algoz e se transformando, ele mesmo, na vítima. Nunca aceite o seu jogo. Não acredite também quando ele disser que age da mesma forma com todas as pessoas e que somente você é sensível. Tenha convicção plena de que a vítima é você e não ele.
  3. Saiba que você não está sozinho – Na maioria das vezes, os ataques de um sociopata não se restringem a uma única pessoa. Sendo assim, é bastante provável que outros também estejam sendo, de uma forma ou de outra, vítimas da mesma pessoa que lhe agride, e é bem provável que você fique sabendo de alguma história semelhante à sua. Se este for o seu caso, tente uma aproximação com seus companheiros de sofrimento. O apoio que eles lhe darão é de valor inestimável para que você consiga se libertar, primeiro emocional e depois totalmente, do seu algoz. Mas tenha em mente que, assim como você, todas as vítimas simpatizam pouco com a idéia de falar sobre o assunto, por temerem retaliações. Lembre-se também de que o agressor está atento aos seus passos, e tentará o quanto puder mantê-lo afastado das pessoas que podem de alguma maneira ajudá-lo a sair da situação em que você está, seja por vindicar onisciência quanto a tudo o que você conversa e faz, seja por caluniá-lo, ou então por ameaçá-lo abertamente, obrigando-o a se manter longe dos outros.
  4. Não se esqueça: psicopatas têm uma forte necessidade de exercer controle físico e mental sobre as outras pessoas. Lutar contra eles não será fácil e poderá lhe custar muito desgaste e sofrimento, emocional e/ou mesmo físico.
  5. Estabeleça as regras do jogo – Como dissemos, a disputa de poder com um psicopata é tarefa árdua, podendo inclusive se tornar arriscada. Contudo, você deve estabelecer limites fixos para ele. Não permita que ele perpetue as agressões e não caia no jogo que ele fará para despistá-lo de seu objetivo.
  6. Não espere mudanças dramáticas – É bastante improvável que qualquer coisa que você venha a fazer produza alguma mudança real e duradoura no modo como o seu agressor encara a vida e trata os outros. Não assuma para você a tarefa de transformá-lo numa pessoa de bem.
  7. Não caia no jogo do coitadinho – Uma das maneiras que o sociopata utilizará para se manter no poder é apelando para a sua compaixão. Quando perceber que você está ameaçando escapar, ele poderá apelar para a sua compaixão, teatralizando arrependimento, alegando carência afetiva, problemas financeiros ou alguma doença. A psiquiatra Ana Beatriz afirma: “A piedade, a compaixão e a solidariedade são forças para o bem quando direcionadas às pessoas que de fato merecem e precisam de tais sentimentos. No entanto, quando esses mesmos sentimentos são direcionados a pessoas que apresentam comportamentos inescrupulosos de forma consistente e repetitiva, temos que considerar isso como um aviso de que algo está muito errado. É um sinal de alarme que não podemos ignorar.”
  8. Pule fora o quanto antes – A imensa maioria das vítimas dos psicopatas termina por se sentir confusa e sem esperança. Ficam convencidas de que são as culpadas pelo insucesso do relacionamento. E no afã de corrigir o problema, continuam cedendo mais e mais, alimentando uma esperança vã. O melhor a fazer é simplesmente aceitar o fato de que você foi enganado e saber que, quanto mais ceder, mais o psicopata vai levar vantagem às suas custas. Ele tem uma sede insaciável por controle e poder. Pule fora. A sociopatia é uma doença difícil de ser detectada, já que o sociopata se esconde por trás de suas máscaras o tempo inteiro. Por esse motivo, mesmo após anos de convivência, pouquíssimas pessoas são capazes de compreender o “lado negro” dessas criaturas, ainda que tenha relances dos seus maus comportamentos. Sendo assim, afaste-se do seu agressor o quanto antes, ainda que todos à sua volta não compreendam sua atitude e lhe julguem mal. A única maneira de vencê-lo é se afastando dele. Portanto, force-se a cumprir esta regra: contato zero.
  9. Associe-se a grupos de apoio – Procure ajuda de pessoas que estão sofrendo com o mesmo problema. A internet está repleta de fóruns de discussão sobre o tema, embora a maioria deles em inglês. Uma busca rápida no Google será de grande valia.
  10. Cuidado com as recaídas – Mesmo após meses ou anos, o sociopata poderá querer lhe laçar de novo. Ele virá com os mesmos recursos de sempre, talvez dizendo que mudou, que agora é uma outra pessoa. Cuidado! Lembre-se disto:
    psicopatas nunca mudam!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Indivíduos "Seminormais": O Psicopata Não Grave

A grande maioria dos psicopatas não preenche todos os critérios da escala Hare. Eles são o que o Dr. Martin Kanton, em seu livro The Psychopathy of Everyday Life – How Antisocial Personality Disorder Affects all of Us, chama de “seminormais”. Hare os denomina “Psicopatas de Sucesso”, pois conseguem se manter longe dos presídios e de terem problemas com a justiça. Algumas características desses indivíduos:
  1. Retêm alguma capacidade de sentir amor e empatia, bem como de demonstrar sentimentos nobres, como a piedade e o altruísmo – Isso faz que maneirem as atitudes quando vão praticar algum ato ilícito contra alguém. Todavia, Dr. Martin Kanton acredita que, ainda quando demonstra sentir empatia, o sociopata visa a algum tipo de benefício próprio; por exemplo, ele pode ser empático, ao mesmo tempo em que analisa se consegue manipular determinada pessoa sem grandes dificuldades, ie, se ela se trata de uma peça fácil de manobrar, dentro do seu jogo de poder.
  2. Retêm alguma capacidade de sentir culpa – Podem inclusive se desculpar pelos erros cometidos; isso, contudo, não fará diferença prática para evitar futuras agressões;
  3. Tendem a exibir menos que 3 dos critérios do DSM-IV;
  4. Consciente ou inconscientemente, tendem a exibir as características menos graves e menos perigosas da personalidade psicopática;
  5. “Psicopatas de sucesso” tendem a não se comportar durante todo o tempo e em todas as situações como psicopatas que são; em outras palavras, mais ainda que os psicopatas graves, esses indivíduos são idênticos às pessoas normais, ficando completamente camuflados na sociedade. Schneider afirma: “A conduta do psicopata nem sempre é toda psicopática, existindo momentos, fases e circunstâncias de condutas adaptadas, as quais permitem que ele passe despercebido em muitas áreas do desempenho social. Essa dissimulação garante sua sobrevivência social.”
  6. Algumas vezes fazem uma mudança positiva quando são pegos em algum ato irregular ou quando seus planos falham. Conquanto raramente admitam que são maus indivíduos, que cometeram um dado erro ou que necessitam do perdão de alguém, em algumas situações (e sem pensar duas vezes) eles simplesmente podem mudar de comportamento, surpreendendo a todos. Por exemplo, um criminoso pego em flagrante pode decidir abandonar o crime e começar a escrever um livro sobre suas experiências.

Em grande parte, sociopatas não graves obtêm sucesso (isto é, conseguem levar a vida como alguém normal) devido à sua surpreendente habilidade de camuflar suas tendências negativas – seus instintos hostis, por exemplo – numa fachada criativa-interpessoal-social positiva; entretanto, mesmo esta aparência lapidada retém algumas características do original psicopático.

Por exemplo, Robert Simon descreve os “sociopatas de sucesso” como indivíduos que tendem a levar uma vida de parasitismo e exploração dos outros, embora não se envolvam em delitos de maior monta. Estes últimos normalmente ficam por conta dos psicopatas mais agressivos.

“Indivíduos seminormais” raramente entram em frias tanto quanto esperaríamos para o comportamento deles. Quando estão em apuros, frequentemente se utilizam de suas táticas de manipulação e conseguem se safar. Eles são particularmente hábeis em fazer com que os outros simpatizem com eles e os tratem de maneira gentil e não punitiva.

Os que ainda conseguem manter-se no trabalho (lembre-se que sociopatas, por sua tendência à monotonia, geralmente não conseguem se fixar em nenhum emprego) vão utilizá-lo como uma ferramenta para satisfazer seus instintos sórdidos. A Dra. Ana Beatriz nos conta: “A grande maioria dos psicopatas utiliza suas atividades profissionais para conquistar poder e controle sobre as pessoas. Essas ocupações podem auxiliá-los ainda na camuflagem social daqueles que não levam uma vida francamente marginal (delinqüentes mais perigosos).”

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ausência de Objetivos de Longo Prazo

Esta característica é particularmente observável nos psicopatas mais graves. Psicopatas leves e moderados, denominados por Hare como “Sociopatas de Sucesso”, planejam, executam e atingem, sim, planos. São eles que galgam posições de destaque na sociedade e, por meio delas, promovem a discórdia e a destruição por onde passam.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Mau Comportamento Relacionado ao Consumo de Álcool e Outras Substâncias

Psicopatas podem ter problemas com o abuso de álcool; contudo, nem todos seguem essa regra. Em breve, mais informações sobre este tópico.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Falsidade e Insinceridade

O psicopata demonstra uma marcante desconsideração pela verdade e não deve ser levado em consideração quando faz relatos sobre o passado, promessas sobre o futuro ou fala de suas intenções presentes. Ele faz promessas solenes e se esquiva de acusações, sejam elas graves ou banais, com a maior facilidade. Em seus mais solenes perjúrios, não tem a mínima dificuldade em olhar tranquilamente nos olhos das outras pessoas: transparência e confiabilidade parecem fazer parte deles. Por outro lado, em algumas situações, o psciopata reconhece os seus próprios erros (especialmente quando está para ser descoberto) e aparenta encarar as conseqüências deles com singular honestidade e coragem. É realmente difícil expressar quão completamente honesto e normal um psicopata pode parecer ser. Psicopatas conseguem ludibriar não somente aqueles que não estão familiarizados esse perfil de comportamento, mas frequentemente também os que já conhecem bem sua capacidade de aparentar honestidade. Depois de serem pegos em graves e embaraçosas falsidades, depois de violarem repetidamente seus mais solenes juramentos, o psicopata facilmente fala da honradez de suas palavras e de seu caráter, demonstrando surpresa e vexame quando se diz o contrário sobre eles.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Egocentrismo e Egoísmo

Sociopatas, como bons narcisistas, são egoístas. Agem como se fossem o centro do universo; acreditam que todas as outras pessoas devem girar em torno deles. Psicopatas pensam serem os indivíduos que falam melhor, que se vestem melhor e que têm melhor capacidade de organização e de enfrentamento dos problemas da vida. Fazem as suas próprias leis, por não compreenderem o significado do bem comum. Alguns são incapazes de se integrar a qualquer grupo, por não aceitarem as regras sociais que todos têm por certas. Só o que eles querem é o que interessa. Na realidade, só levam em consideração as regras sociais para utilizá-las a seu favor. Por causa disso, muitos colecionam ex-amigos. No início, até conseguem fazer amizades com facilidade; entretanto, diante dos primeiros conflitos, seu verdadeiro caráter aparece sem deixar dúvidas. Dessa maneira, em pouco tempo terminam por ser rejeitados por amigos individuais ou por grupos inteiros. Por causa disso, os sociopatas tendem a ser solitários, alguns migrando de grupo em grupo, ou evitando o encontro de amigos de diferentes grupos, por temerem que suas falhas de conduta sejam mencionadas. Mesmo no ambiente familiar, o psicopata tem dificuldade de adaptação. Sociopatas sempre obtêm dos outros muito mais do que dão. Não economizam, contudo, nas promessas altruísticas. Mesmo suas ações aparentemente altruístas mostram-se muitas vezes autocentradas e com fins à autogratificação. Como sua motivação gira sempre em torno do poder e do status destacado na hierarquia social ou no seu grupo particular, os psicopatas demonstram particular inveja de potenciais concorrentes. Empenham-se em depreciar e humilhar qualquer um que tenha ou que seja mais que eles hierárquica, intelectual, social ou financeiramente. Fazem isso se valendo de tanto de sua lábia quanto de falsas provas que eles mesmos criam para atingir seus objetivos. Tanto agridem a vítima propriamente dita quanto falam mal dela em sua ausência para as pessoas de seu convívio, com vistas a levar todos a pensarem mal dela e acabarem se afastando. Fica claro então que eles se sentem mais confortáveis quando ficam junto apenas de pessoas que estão de alguma maneira abaixo deles em qualquer escala que eles julgam importante para a afirmação de sua própria personalidade narcisista. Só assim se sentem livres brilhar sem nenhum concorrente por perto. Por serem indivíduos extremamente competitivos, os sociopatas transformam interações normais da vida, como diálogos sobre assuntos sem grande importância, em disputas de morte, sempre desejando impor sua opinião como a única correta, e dificilmente dando o braço a torcer, mesmo em face de todas as provas que eventualmente venham a receber em contrário. Torna-se até desnecessário repetir que esta é mais uma maneira que eles encontram para se autoafirmarem como líderes de seus grupos, egocêntricos que são.